terça-feira, 22 de outubro de 2013

Cambirela







O Morro do Cambirela é o Pico extremo a Leste do Maciço Cristalino da Serra do Tabuleiro, que se estende ao longo do Litoral Atlântico no Município de Palhoça, na região próxima à cidade de Florianópolis, em direção ao Sul do estado de Santa Catarina na Região Sul do Brasil. O Cambirela tem 1.040 metros de altitude que se eleva por uma vertical partindo desde o nível do Mar a Sudoeste da Baia Sul entre a Ilha de Santa Catarina e o Continente. Não é o ponto culminante da Serra do Tabuleiro que tem picos com mais de 1.400 metros, porém domina a paisagem da Serra avistada da Ilha de Santa Catarina por ser o pico mais a Leste, com uma silhueta esguia e de forte inclinação que parte das margem da Baía. Por ser visível de toda a orla da Baía Sul e de diversos lugares da planície costeira do litoral, sua silhueta ingrime e de cume agudo, torna-se um dos principais destinos para quem pratica montanhismo na região.

O Cambirela é uma maça granítico, que compõe o maciço do Tabuleiro, uma formação cristalina que se estende para o interior na direção do Planalto. O intemperismo sobre o maciço cristalino do Cambirela formou uma fina camada de solo, que da sua base diminui em profundidade em direção ao cume. Da base próximo do nível do Mar a vegetação nativa é um a Floresta Ombrófila Densa, a Mata Atlântica, que domina a paisagem até a porção média das vertentes da montanha. Com o aumento das declividade das vertentes do Cambirela a partir dos 500 metros de altitude, o solo diminui de espessura em função da declividade que acentua a erosão e a vegetação arbórea vai dando lugar à vegetação arbustiva. Próximo ao cume, com a diminuição do perfil do solo, da diminuição das médias de temperatura e o rigor da exposição contínua aos ventos de Sul e Nordeste, possibilita apenas a fixação de uma vegetação herbácea. Também podem ser encontradas algumas espécies arbustivas, como a Vassoura Branca e a Orelha de Porco, que devido ao rigor das condições próximas do cume crescem menos, parecendo como pequenos arbustos.

A trilha principal que leva ao cume do Cambirela é a que parte da Guarda do Cubatão. Uma trilha antiga e que foi utilizada em 1949 para resgatar os corpos das vítimas do acidente aéreo de um C47 da Força Aérea que fazia linha de correio aéreo. Esta trilha percorre a base em direção a linha de cumeeira Norte do Cambirela que divide a vertente Frontal voltada para a Baía Sul, da vertente de Santo Amaro. Na parte média da trilha há duas passagens de corda de aproximadamente 5 metros cada uma. Essa trilha tem um braço secundário, situada mais a Oeste na base, que acessa a trilha principal à aproximadamente 600 metros de altitude. Outra trilha é a da Vertente Frontal, que possui diversas variantes de entrada na base, partindo das margens da rodovia BR 101, até confluírem para uma trilha principal que segue ao longo de um curso d'água na vertente da Baía. Há uma terceira trilha que parte da Santo Amaro e percorre a Vertente do Cambirela voltada para Noroeste. A quarta rota de acesso ao cume é pelo Rio Cambirela, um caminho de blocos, seixos e lages de granito desnudado pela ação do curso d'água que nasce entre os dois cumes principais da montanha. Esse rio de granito que é largo na base vai se estreitando até desaparecer próximo ao cume é o que dá nome ao Cambirela. Na língua Guarani, dos índios do litoral, Cambirela é um termo que significa leite pelo seio. Olhando o Cambirela de lugares situados ao Sul, próximos à Praia do Pontal, o Rio Cambirela parece como leite derramando por um seio, cuja maça é a vertente e o bico, o cume.

O Cambirela atrai os montanhistas, instiga com suas vertentes íngremes e revela como recompensa para os que conquistam seu cume, a vasta paisagem dos Maciços do Tabuleiro a Oeste, das planícies ao Norte até o Tijucas, na Baía de Zimbros, a vista das baías Norte e Sul e de toda a Ilha de Santa Catarina, da Ponta dos Naufragados ao Maciço da Brava e o Oceano Atlântico à Leste.
 



Por André Luiz Santos


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